Em manifestação proferida na última quinta-feira (22), o procurador-geral da república, Paulo Gonet, defendeu a proibição de contato entre o ex-presidente Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto, atual presidente do PL. A postura foi externada por Gonet em resposta a uma consulta formulada pelo ministro Alexandre de Moraes, depois que Bolsonaro e Valdemar participaram de uma convenção do prefeito de SP, Ricardo Nunes, no início do mês de agosto.
Bolsonaro e Valdemar se acham impedidos de manter contato desde fevereiro desse ano, quando deflagrada a Operação Tempus Veritatis, conduzida por Moraes para a apuração de uma suposta tentativa de golpe de estado.
É deplorável ter de comentar, dia e noite, os efeitos “pseudo-jurídicos” de uma operação policial em torno de suposta tentativa de golpe que jamais houve. Nenhum dos envolvidos em mais esse enredo alexandrino foi visto comandando regimentos militares e/ou paramilitares, muito menos tentando capturar e assassinar autoridades em dias de expediente.
Esse “novelão de quinta” acarretou várias prisões inconstitucionais e ilegais, decretadas por juiz incompetente, assim como a imposição das chamadas medidas cautelares em substituição às prisões, dentre as quais, as proibições de comunicação entre os investigados. A “incomunicabilidade” entre eles, já utilizada como impedimento à entrevista de Filipe Martins à Folha de São Paulo (em episódio de censura comentado aqui), segue inviabilizando o diálogo entre Bolsonaro e o presidente de seu partido. Ora, em que medida a interação entre todas essas figuras apresentaria um potencial de acarretar riscos concretos à ordem pública?
Séries de arbítrios togados, cumpridos por uma polícia federal tornada autêntica polícia política de Moraes, e chancelados por um Ministério Público que, há tempos, já se desviou de sua função constitucional de fiscal da lei. Algo a acrescentar sobre a nossa desgraça institucional?
Fonte: Revista Oeste